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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Agência Brasil - Crise provoca desaceleração da economia e escassez de crédito no segundo semestre - Direito Público

 
30 de Dezembro de 2008 - 10h19 - Última modificação em 30 de Dezembro de 2008 - 10h19


Crise provoca desaceleração da economia e escassez de crédito no segundo semestre

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

 
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Brasília - A falência do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em meados de setembro, representou uma quebra nas expectativas de trajetória da economia brasileira. A preocupação com a alta no preço dos alimentos e do petróleo e com os efeitos colaterais de uma aceleração da atividade econômica – como o de que a produção fosse insuficiente para dar conta da demanda – foi substituída pela escassez de crédito e por incertezas em relação à manutenção do emprego e dos investimentos.

Depois de atingir o ponto mais baixo em nove anos, o dólar disparou e passou de R$ 1,60 para cerca de R$ 2,40. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que chegou a superar os 73 mil pontos em maio e alcançou o nível mais alto já registrado, perdeu metade do valor e atualmente está em torno dos 36,5 mil pontos.

Inicialmente classificada como "marola" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a crise financeira internacional trouxe efeitos sobre a economia real por meio da contração dos financiamentos e empréstimos, resultado da desconfiança mundial sobre a credibilidade das instituições financeiras. Os setores mais afetados foram os que mais dependem do crédito, como a agricultura, a construção civil, a exportação e principalmente a indústria automobilística.

Para tentar minimizar os efeitos da crise, o governo injetou R$ 363,3 bilhões na economia. As ações ocorreram em quatro linhas: liberação de linhas de crédito pelos bancos públicos, atuações no mercado de câmbio para conter a alta do dólar, redução de impostos e mudanças na legislação bancária.

Nos dois primeiros meses da crise, a estratégia do governo consistia principalmente em liberar a parcela de dinheiro que as instituições financeiras podem emprestar, por meio da liberação do compulsório, recursos que os bancos são obrigados a manter depositados no Banco Central (BC). Além disso, a equipe econômica passou a usar recursos das reservas internacionais para conter a subida da moeda norte-americana.

Novembro marcou uma mudança de comportamento do governo para enfrentar a crise. Em vez de se limitar a medidas monetárias e à abertura de linhas públicas de crédito, a equipe econômica passou a fazer desonerações.

O principal setor contemplado pela política de redução de impostos foi a indústria automobilística, que teve o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros, motos e caminhões reduzido. As medidas também beneficiaram a classe média, que em janeiro passará a ter mais dinheiro para consumir, com a criação de duas alíquotas intermediárias do Imposto de Renda Pessoa Física, que diminuirão o imposto recolhido nos salários de 24 milhões de contribuintes.

Em meio à crise, houve notícias que reforçaram a presença internacional das empresas brasileiras. Em 3 de novembro, o Unibanco e o Itaú anunciaram a fusão. Com R$ 575 bilhões em ativos e patrimônio líquido de cerca de R$ 51,7 bilhões, a nova instituição terá 14,5 milhões de clientes e 4,8 mil agências, o que deu origem ao maior banco da América Latina e do Hemisfério Sul.

As novidades no setor bancário continuaram. Em 20 de novembro, o Banco do Brasil anunciou a compra do banco estatal paulista Nossa Caixa por R$ 5,38 bilhões. A crise, no entanto, deixou prejuízos para diversas empresas brasileiras, principalmente as que especularam com o dólar e tiveram prejuízo com a alta da moeda norte-americana, como a produtora de carne Sadia e a empresa de celulose Aracruz.

Por causa da queda mundial da demanda por commodities (bens agrícolas e minerais com cotação internacional), a mineradora Vale demitiu, no início de dezembro, 1,3 mil empregados em todo o mundo e deu férias coletivas a 5,5 mil.

Devido à alta dos juros básicos a partir de abril, o governo projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2008 crescerá 5%, pouco abaixo dos 5,4% registrados em 2007. Até o terceiro trimestre, o crescimento era de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado, mas a piora da crise internacional provocou desaceleração nos últimos meses, que pode ser comprovada por indicadores recentemente divulgados pelo governo.

Pela primeira vez em quatro anos, a arrecadação da Receita Federal teve queda em novembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No último dia 22, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou o fechamento de 40,8 mil postos de trabalho no mês passado, constatado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Para o próximo ano, o Ministério da Fazenda trabalha com a estimativa de crescimento de 4% no PIB. A intensidade da desaceleração, no entanto, não é consensual nem dentro da própria equipe econômica. De acordo com o Relatório de Inflação, apresentado pelo BC no dia 22, o PIB aumentará 3,2% no próximo ano. Os agentes financeiros têm uma estimativa bem menor e prevêem expansão de apenas 2,4%, de acordo com o boletim Focus do Banco Central.

 



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