30 de Agosto de 2009 - 16h37 - Última modificação em 31 de Agosto de 2009 - 08h41
Mesmo com suspensão de repasse, Movimento Brasil sem Aborto faz marcha em Brasília
Luana Lourenço e Paula Laboissière
Repórteres da Agência Brasil
José Cruz/ABrBrasília - O Movimento Brasil sem Aborto realiza hoje (30) em Brasília a terceira edição da Marcha Nacional da Cidadania pela Vida. O objetivo da mobilização é protestar contra a possibilidade de mudanças na legislação para descriminalizar o aborto, em discussão no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento é formado por organizações não governamentais e entidades ligadas à Igreja Católica.
Brasília - 3ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida e pela Paz, evento promovido pelo Movimento Nacional em Defesa da Vida - Brasil Sem Aborto, segue para a Esplanada dos Ministérios
Na última sexta-feira (28), o Ministério da Cultura suspendeu repasse de R$113 mil que havia sido autorizado para o evento. Em nota, o ministério diz que houve “omissão de informação na apresentação do projeto”, que não deixava claro que a marcha se tratava de uma manifestação contra o aborto.
“O ministério não autorizou, em nenhum momento, a associação de sua marca ao chamado, publicado em cartazes de divulgação: 'Venha participar e manifestar a sua posição contra as tentativas de legalizar o aborto no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal'”, diz a nota.
A organização do evento se defende e afirma que o projeto estava claro ao propor ações culturais em defesa da vida, além de ter sido aprovado sob os aspectos técnico e jurídicos pelo Ministério da Cultura. Na avaliação do Movimento Brasil sem Aborto, a suspensão do patrocínio é um cerceamento da liberdade de expressão e demonstra parcialidade do governo em relação ao tema. Os ativistas alegam que em 2008 um filme pró-aborto produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi financiado com dinheiro público.
Um dos organizadores da caminhada, o coordenador do Projeto Cultura, Cidadania e Vida, Jaime Ferreira Lopes, diz acreditar que o aborto é a “matriz mais forte” de todos os tipos de violência, por isso a necessidade de manifestações coletivas contra a prática.
“O enfoque é na defesa da vida e na cultura da paz e, o aborto, sendo uma prática da violência que atinge a mulher e o ser em gestação, será trabalhado”, disse Lopes. Para ele, o tema aborto tem sido “razoavelmente” discutido no Brasil. “Vivemos em uma sociedade democrática em que as pessoas podem colocar seus pontos de vista. O debate está colocado, mas não está finalizado”, afirmou.
“Podemos multiplicar as mortes por dois. Morre também outro ser humano, além da mãe, que é o feto”, disse Lopes, ao comentar um dos principais argumentos de grupos favoráveis à legalização do aborto no país – o de que milhares de mulheres morrem todos os anos por conta de abortos clandestinos.
A caminhada será encerrada com uma apresentação da cantora Elba Ramalho. Entidades feministas chegaram a assinar um protesto pedindo que a artista não participasse do evento.
Edição: Juliana Andrade
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