30/9/2010
Depois do Peru, Colômbia anuncia fechamento da fronteira com Equador
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou o fechamento da fronteira com o Equador, que decretou estado de exceção em meio a protestos de policiais contra o governo. Mais cedo, o Peru havia anunciado medida semelhante.
"Eu me comuniquei também com o presidente do Peru, Alan Garcia, e decidimos que os dois países vão fechar as fronteiras com o Equador, como sinal político de solidariedade com o presidente [Rafael] Correa e a democracia equatoriana", disse Santos, no aeroporto de Bogotá, onde embarcou para uma reunião de urgência da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) em Buenos Aires (Argentina).
Mais cedo, o presidente do Peru disse que fecharia imediatamente as fronteiras com o Equador diante dos protestos de policiais no país vizinho. García também viaja a Buenos Aires para a reunião da Unasul.
A Unasul fará a reunião de emergência às 22h em Buenos Aires para discutir a crise no Equador, que vive um dia de caos diante dos protestos da polícia contra um projeto de lei do governo que reduz benefícios salariais de policiais e militares. O Brasil enviou o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Antonio Patriota.
A presidente argentina, Cristina Fernández Kirchner, conversou com seus colegas sul-americanos para coordenar um apoio regional a Correia. O encontro deve ser chefiado por seu marido e secretário-geral do órgão, Nestor Kirchner.
A reunião deve contar também com o presidente boliviano, Evo Morales, e o venezuelano Hugo Chávez.
DIÁLOGO
Em meio à crise gerada por violentos protestos de policiais e parte dos militares e após decretar o estado de exceção, o presidente do Equador, Rafael Correa, reúne-se com uma delegação de representantes dos policiais, acompanhados de um advogado, informa a agência estatal Andes. O ministro de Finanças, Patrício Rivera, também participa da reunião.
O encontro ocorre no Hospital da Polícia Nacional, onde o presidente está internado e de onde foi impedido de sair após os manifestantes cercarem o prédio.
Em paralelo, o chefe-maior das Forças Armadas do Equador, o general Ernesto González, pediu à polícia, parte dos militares e à sociedade civil que interrompam os protestos e prezem pelo retorno do estado de direito.
"Chamamos à Polícia Nacional, aos setores da sociedade civil e a certos elementos da instituição armada a abandonar os protestos", disse o general em coletiva à imprensa equatoriana.
CONFRONTOS
Ao mesmo tempo em que Correa se reúne com a delegação dos manifestantes, nas ruas em torno do hospital na capital equatoriana os policiais entram em confronto com a população, que busca chegar ao prédio onde o presidente está internado.
"É um enfrentamento do povo contra o povo", disse um dos participantes do protesto onde é possível ouvir frases como "policiais corruptos, não enfrentem o povo com armas, o povo vem de mãos limpas".
"O povo unido jamais será vencido, aqui vem o povo", gritam enquanto tentam superar a barreira de policiais que estão do lado de fora do hospital onde se encontra Correa sob atendimento médico.
Na passeata, as pessoas, algumas com paus e bandeiras, lançam palavras de apoio a Correa e entre elas estão, inclusive crianças e idosos, relata a agência Efe.
"Estamos aqui de pé na luta pela democracia, defendendo o presidente de todos os equatorianos. Está aqui a população que veio de vários cantos caminhando. Estão lançando bombas de gás lacrimogêneo em ministros, senhoras, crianças", disse a ministra dos transportes, María de Los Angeles Duarte.
O povo apoia a democracia e não vai permitir que um grupo "que se acha atingido porque está mal informado coloque em risco a democracia no Equador", disse a ministra no meio da manifestação que avança em direção ao hospital, em referência aos militares e policiais que rejeitam a eliminação de incentivos profissionais.
"Estamos todos aqui dispostos a dar a vida para resgatá-lo", disse María se referindo a Correa.
Os manifestantes tentam subir pela rua principal que leva ao hospital, mas os policiais os dispersam lançando uma grande quantidade de gás lacrimogêneo.
Pouco antes, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, tinha pedido à população para se dirigir ao Hospital da Polícia Nacional para "resgatar" Correa, ameaçado por policiais "que tentam chegar ao seu quarto".
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