26 de Outubro de 2009 - 18h39 - Última modificação em 26 de Outubro de 2009 - 18h39
Delegada abre inquérito sobre morte no aeroporto e pede registro de conversas durante voo
Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A titular da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Dairj), Teresa Pezza, instaurou hoje (26) inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Maria Petrúcia Ribeiro da Silva, de 68 anos, momentos depois de desembarcar do voo JJ 8079, da TAM, que aterrissou no Rio na manhã de sábado (24), procedente de Nova York.
“Estou pedindo o registro das conversas entre o comandante do voo e a torre do aeroporto e a relação nominal de tripulantes, passageiros que viajaram ou desembarcaram próximos a Maria Petrúcia e pessoal do serviço médico do aeroporto”, disse a delegada. O inquérito vai apurar também como desapareceram US$ 8 mil e documentos pessoais da pochete que ela levava consigo.
À tarde, Sandra Williams, de 37 anos, filha da passageira, esteve na delegacia para entregar a pochete e as roupas que a mãe usava quando morreu, e encontrou o tio Antônio Ribeiro da Silva, de 78 anos, que não via desde os cinco anos de idade. Ele soube da morte da irmã pela televisão, ontem (25) à noite, e de manhã procurou o Instituto Médico Legal (IML), de onde foi encaminhado para a Dairj.
A necrópsia concluiu que a mulher sofreu uma trombose venosa profunda, mas não se pode afirmar que tenha sido a causa da morte antes dos resultados dos exames toxicológicos, que demoram entre 15 e 30 dias, como explicou ontem o vice-diretor do IML, Sérgio Simonsen. A hipótese mais provável, conforme as versões de funcionários da empresa aérea, é que Maria Petrúcia tenha morrido depois de desembarcar e antes de receber atendimento da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Segundo essa versão, ela recusou a cadeira de rodas oferecida ainda no avião e seguiu acompanhada por alguém da tripulação. No trajeto pelo corredor móvel de desembarque, encostou na parede e disse: “Acho que vou desmaiar.”
A cadeira de rodas foi levada até ela, que seguiu já inconsciente, enquanto o pessoal da TAM insistia no socorro urgente junto à Infraero. Segundo a nota divulgada pela estatal, a passageira apresentava quadro de parada cardiorrespiratória e foi submetida a manobras de ressuscitação. Levada na ambulância ao serviço médico, teve óbito constatado às 6h10.
As divergências entre as notas oficiais da TAM e da Infraero giram em torno do pedido de atendimento de urgência e dos horários em que os fatos ocorreram. Por isso, a delegada Teresa Pezza pediu a gravação das conversas entre a cabine do avião e a torre de controle. A TAM afirma ter solicitado a emergência às 5h05, quase meia hora antes do pouso. A Infraero sustenta que só às 5h50 foi pedida a presença de médico no avião.
Além das diferenças entre versões e horários, o inquérito tentará esclarecer o que houve com a pochete de Maria Petrúcia. Ela foi guardada juntamente com outros pertences da passageira pelo pessoal da Infraero e passada à empresa aérea, que a entregou a Sandra Williams quando desembarcou de Nova York, ontem.
Sandra constatou que a pochete tinha sido rasgada na base, onde o dinheiro estava escondido num fundo falso. Também cartões de crédito e documentos sumiram. Protegidos pelo anonimato, policiais comentaram que fundos falsos, no geral, sinalizam a intenção de não declarar dinheiro ou produtos ilícitos na passagem pela alfândega.
O embalsamamento do corpo de Maria Petrúcia Ribeiro da Silva será concluído até amanhã (27), quando, então, poderá ser liberado para o sepultamento nos Estados Unidos, onde ela vivia com os três filhos.
Edição: Nádia Franco
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