26 de Fevereiro de 2009 - 18h23 - Última modificação em 26 de Fevereiro de 2009 - 19h46
Em carta entregue ao STF, Battisti apresenta sua versão sobre acusações de homicídios na Itália
Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encaminhou hoje (26) aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) uma carta do refugiado político Cesare Battisti na qual ele faz um relato pormenorizado de como atuou, na década de 70, no movimento italiano de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Battisti está preso no Presídio da Papuda, em Brasília, aguandando o julgamento, no STF, de um pedido de extradição feito pelo governo da Itália.
Na carta, Battisti afirma que o processo que o responsabiliza pelo assassinato de quatro italianos e que o condenou à prisão perpétua, com privação de luz solar, está repleto de vícios. O ex-militante do PAC diz, ainda, que foi “utilizado no processo como bode expiatório”, pois, segundo ele, as acusações baseiam-se em depoimentos de integrantes do Proletários Armados pelo Comunismo, presos pelo governo italiano e beneficiados pela “delação premiada”.
Em troca das acusações, relata Cesare Battisti, os ex-integrantes do PAC teriam sido beneficiados pelo governo da Itália pela redução e, por vezes, a libertação dos colaboradores. Um deles, de acordo com Battisti, foi Pietro Mutti, o chefe militar do movimento.
Na carta enviada aos ministros do Supremo Tribunal Federal, o ex-militante anexou os documentos apresentados pela historiadora e arqueóloga Fred Vargas ao governo brasileiro. Os documentos comprovariam a falsificação de procurações e “apóiam as explicações detalhadas das folhas nas conclusões da Justiça italiana a meu respeito”.
Battisti reconhece que participou, durante a luta armada na década de 70, de roubos a bancos. Afirma, entretanto, que nunca atirou em ninguém e diz ter “aversão a sangue”.
“Vossas Excelências podem também pedir a informação aos meus irmãos, Vicenzo e Domenico, como eu reagia quando era jovem e matavam um animal em nossa pequena exploração agrícola, mesmo que fosse um frango. Essa aversão a sangue nunca diminui a vida de um homem”, diz Battisti na carta.
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