24 de Fevereiro de 2009 - 12h24 - Última modificação em 24 de Fevereiro de 2009 - 12h56
Mudança do Garcia surge em contestação à violência contra a mulher
Luciana Lima
Enviada Especial
Salvador - O maior bloco de rua de Salvador, o Mudança do Garcia, famoso pela crítica política, surgiu em reação à discriminação contra a mulher. Na década de 1920, uma mulher que morava na Rua do Baú, no Bairro Garcia, foi expulsa pelos demais moradores quando descobriram que ela era prostituta.
A moradora teve que sair às pressas, carregando seus pertences em uma carroça e levando suas crianças. Desse episódio, surgiu a idéia de formar um bloco carnavalesco que retratasse a expulsão perante os conservadores habitantes do bairro.
De acordo com o historiador Cid Teixeira, o bloco deixou de sair por alguns anos. Em 1947 e 1948, ele ressurgiu com o nome de Arranca-Tocos, referência ao barro e aos tocos das ruas ainda sem asfalto do local.
Em 1950, o Arranca-Tocos já arrastava uma multidão e mudou seu nome para Faxina do Garcia. Os foliões saíam para brincar o carnaval com baldes na mão, vassouras, jogavam água nas calçadas das casas. Só em 1959, quando as ruas do Bairro Garcia foram asfaltadas, é que o bloco passou a se chamar Mudança do Garcia. Logo em seguida vieram os anos de repressão e o bloco se tornou um foco de resistência, pois era uma das poucas formas livres que o povo tinha para se expressar.
Foi nessa época que o grupo ganhou notoriedade nacional e internacional, fato que contribuiu para que vários intelectuais e artistas começassem a freqüentar o bloco, que atualmente é um dos únicos espontâneos de Salvador.
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