25 de Fevereiro de 2009 - 09h31 - Última modificação em 25 de Fevereiro de 2009 - 11h24
Modelo de concessão dos bondes de Santa Teresa sai ainda no primeiro semestre
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O charmoso bairro de Santa Teresa, no centro do Rio, tem seu principal cartão postal ameaçado. Os tradicionais bondinhos, que já transportaram a intelectualidade e boa parte da elite carioca nas décadas de 1930 e 1940, devem ser privatizados. Um estudo com o modelo da concessão será apresentado pela Secretaria de Transportes ainda neste primeiro semestre. Com o preço subsidiado e inúmeros problemas, o governo não vislumbra outra solução.
Nas ladeiras do bairro, a reclamação é de que o bonde não tem hora. “A gente percebe pelo barulho ou pelo balanço dos fios”, afirma Rafael Fernandes, à espera uma das três composições que ainda funcionam como antigamente, movidas a eletricidade. Segundo o estudante, não são os esbarrões com carros e ônibus que atrasam a circulação, mas a própria falta de bondes.
A carência de composições, tombadas pelo patrimônio histórico, é o principal problema, aponta a vice-presidente da Associação de Moradores do bairro, Juçara Braga. Ela lembra que um convênio com o Banco Mundial (Bird) destinou R$ 22 milhões para a restauração de 14 composições há dois anos, mas até hoje apenas três antigos atendem moradores e turistas em duas linhas. A associação obteve uma liminar obrigando a devolução dos bondes em 2008, mas ainda aguarda o fim do prazo da determinação.
O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, informa que cinco composições deveriam atender o bairro, sendo uma delas “nova em folha” - a mesma que a associação informa não ter se adaptado aos trilhos e ter sido devolvida à oficina. Ele informa que os bondes continuam sendo restaurados e que pelo menos mais uma composição será entregue no primeiro semestre deste ano.
Lopes afirma, no entanto, que o governo não pretende mais manter o sistema de bondes, que incluiu também a conservação dos trilhos, das garagens, oficinas e da rede aérea de eletricidade. A alegação é de que o preço da passagem (R$ 0,60) não é suficiente para cobrir todas as despesas. “O valor está defasado de qualquer realidade de transporte”, afirma.
O secretário defende um modelo de concessão, como o aplicado para outros meios de transportes na cidade, com o objetivo de melhorar o serviço. Neste sentido, prepara um estudo sobre as condições da licitação que vai definir, por exemplo, não só o novo preço da passagem, mas o custo da manutenção do sistema, a necessidade de investimentos do governo e da iniciativa privada.
“Há muito tempo, os transportes do Rio são concessionados. Não há porque manter a operação dos bondes de Santa Teresa”, afirmou. “No modelo de concessão que temos nos trens, nas barcas, no metrô e nos ônibus temos experimentando avanços no atendimento à população e na redução de custos. Há orientação do governo de seguir a mesma política”.
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