25 de Fevereiro de 2009 - 10h23 - Última modificação em 25 de Fevereiro de 2009 - 10h23
Músicos de axé e pop rock de Ouro Preto defendem espaço em carnaval no centro histórico
Marco Antonio Soalheiro
Enviada Especial
Ouro Preto - Eles também são de Ouro Preto como os sambistas e idealizadores dos blocos carnavalescos mais tradicionais da cidade. Mas, pertencem a outra geração, influenciada por estilos como a axé music, o reggae e o hip hop. Por garantirem ter em comum a paixão pelo trabalho, os músicos das bandas locais que fazem o som mais apreciado pela juventude consideram inadequadas as críticas de parte da sociedade de Ouro Preto às suas apresentações nos palcos do centro histórico, que ocorreram em todos os dias do carnaval de 2009. Há quem considere que estes sons não combinam com a arte musical típica das ladeiras.
“Tocamos um axé com sotaque mineiro, inclusive com composições próprias e outras interpretações de músicas até de sambistas locais. Seria uma falta de consideração retirar o nosso espaço no centro”, argumentou André Oliveira, 18 anos, que toca violão e cavaquinho na banda de axé Abalou. Criada há quatro anos na cidade que é patrimônio histórico e cultural da humanidade, a banda se apresenta em todos os carnavais. No deste ano, tocaram no palco da Praça Tiradentes, um dos principais da festa.
“A gente reconhece a raiz de Ouro Preto e sabe que ela não pode se perder. Mas temos que conscientizar o povo de que o nosso carnaval é aberto a todo mundo e aos diversos estilos musicais, com um coquetel de diferentes ritmos. Ouro Preto tem artistas em cada esquina que precisam de portas abertas para buscar cada vez mais o profissionalismo”, acrescentou Denis, vocalista da Abalou.
Segundo os integrantes da banda, o carnaval é que ajuda a maioria das bandas de Ouro Preto a se manter. Os cachês da prefeitura variam de R$ 2 mil a R$ 4 mil por show.
Em um palco na tradicional rua das Flores, a banda Cizma, formada por amantes locais do reggae e do pop rock, comemorou a oportunidade de participar do carnaval feito ali. “Tem um pessoal que não respeita muito o nosso estilo, mas para nós é uma honra poder tocar aqui”, ressaltou o guitarrista Aloísio Petrônio, 21 anos.
A expectativa do grupo é de que a partir do carnaval outras chances surjam na cidade para mostrar o seu som. “Falta espaço para a gente o ano inteiro. Temos que ser lembrados no Carnaval e também em outros festivais. Aqui em Ouro Preto não tem só samba e marchinha. Tem reggae, hip hop e muitas outras coisas” , disse outro integrante da Cizma, Guilherme Noé, 22 anos.
Dos cômodos de um casarão alto na rua São José, percebe-se claramente a diversidade musical que marcou em 2009 o carnaval ouro-pretano. De frente à varanda, no Largo da Alegria, marchinhas, sambas antigos, congado e maracatu dominam o palco. Dos fundos, vem o potente barulho das caixas do Espaço Folia, local na parte baixa da cidade que funcionou na festa como reduto do axé , do funk e dos blocos estudantis formados pelos alunos da Universidade Federal de Ouro Preto e seus convidados de todo o país.
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