23 de Fevereiro de 2009 - 08h57 - Última modificação em 23 de Fevereiro de 2009 - 14h52
Hepatite oferece maior risco de transmissão do que o HIV
Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O carnaval é época de alegria, diversão, mas também de prevenção. A hepatite é uma das doenças contagiosas que mais se adquire nesta época do ano. Segundo o médico infectologista e professor da Universidade de Brasília (UNB), Ricardo Marins, as hepatites são mais freqüentes do que o HIV - o vírus transmissor da aids. A cada 100 pessoas, 1,2 tem hepatite, enquanto pouco mais da metade, 0.6, tem o vírus HIV.
“No carnaval existe uma permissividade social que induz as pessoas à prática sexual, muitas vezes, sem nenhum cuidado. O vírus da hepatite é um dos mais resistentes ao meio ambiente”, afirma Marins.
O diretor da organização não-governamental (ONG) Saúde em Vida, que trabalha com portadores de hepatite, Christian Joseph Souza Carvalho, explica que outra forma comum de contrair o vírus é com o uso de drogas.
“As pessoas precisam saber que não é só com droga injetável que se adquire a hepatite. Muitos usuários utilizam uma “marica” (canudo feito com caneta, alumínio ou nota de dinheiro) para cheirar a cocaína ou o crack. Como a droga machuca a parede interna da narina, ocorre o contato com o sangue de outra pessoa”, destaca Carvalho.
Segundo o professor, as hepatites B e C são de grande preocupação para os profissionais de saúde porque a grande maioria torna-se crônica, evoluindo para a destruição do fígado até a morte. A hepatite C torna-se crônica em 80% dos casos e a B em 10%.
O vírus da hepatite B é transmitido quando o sangue ou os fluidos orgânicos contaminados penetram na corrente sangüínea. O vírus é encontrado no sangue, no sêmen, no fluido vaginal ou no fluxo menstrual. A transmissão do tipo C é mais limitada ao contato direto com o sangue.
“A hepatite é uma doença silenciosa. No início, o quadro clínico assemelha-se à gripe ou a um mal-estar, dificultando a identificação. A doença só se manifesta em dez, 15 ou 20 anos, quando o portador apresenta uma cor amarelada e a hepatite já está em um grau adiantado. O correto é que todos fizessem o teste de forma preventiva”, orienta Marins.
No último levantamento feito pelo Ministério da Saúde, em 2007, foram registrados cerca de 20 mil casos, apenas das hepatites B e C. Segundo o coordenador do Programa Nacional de Hepatites, Ricardo Gadelha, o Brasil está pleiteando junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) a criação do Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. “Nossa intenção é sensibilizar o mundo para esta causa. ”.
Gadelha diz que a melhor forma de prevenção é a vacina, apesar de, no momento, só existir para o tipo A (menos grave) e a B. A aplicação é disponibilizada nos postos de saúde de forma gratuita. A última campanha para realização de testes ocorreu em 2005.
“Naquele ano, tivemos um grande número de notificações, por isso hoje focamos na prevenção, que é mais barata que o tratamento. Estamos direcionando o trabalho à população adolescente, que tem maior dificuldade de ir até a uma unidade de saúde”.
Os salões de beleza, estética, clínicas de podologia, estúdios de tatuagem e de aplicação de piercing são outro importante local de transmissão, pois utilizam instrumentos sem a devida esterilização.
A ONG Saúde em Vida defende, em Campinas, a criação de uma lei que fiscalize e regulamente esses locais. O projeto determina o uso de materiais descartáveis, luvas e esterilização dos instrumentos após cada uso, entre outros cuidados.
“Não é necessário uma transfusão, uma pequena quantidade de sangue é suficiente. Muitas pessoas não sabem como contraíram o vírus, mas basta uma alicate contaminado para transmiti-lo”, afirma Christian Carvalho.
Agência Brasil - Hepatite oferece maior risco de transmissão do que o HIV - Direito Público
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