29 de Janeiro de 2009 - 21h35 - Última modificação em 29 de Janeiro de 2009 - 21h35
Vannuchi defende modelo de educação popular no Fórum Social Mundial
Amanda Mota
Enviada Especial
Belém - O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, defendeu hoje (29), em Belém, a educação popular como forma de preparar indivíduos mais conscientes de seus direitos e deveres e capazes de contribuir para redução das desigualdades sociais. Vannuchi foi uma das autoridades públicas presentes na programação do Fórum Social Mundial (FSM) que será realizado até o próximo domingo (1º), na capital do Pará.
"A educação popular é um sentido especial de educação que reúne um conjunto de práticas onde os estudantes se organizam para refletir sobre questões que vão além da sua vida escolar, como a maneira de se organizar para resolver problemas e superar injustiças diversas", disse.
Ao lado do escritor Frei Betto – um dos principais representantes da luta pelos Direitos Humanos no Brasil - e da diretora de relações institucionais do Instituto Paulo Freire, Salete Camba, Paulo Vannuchi destacou o papel dos movimentos sociais para o fortalecimento da educação popular. Ele afirmou que o FSM é uma experiência bem-sucedida de educação popular.
"No FSM temas como meio ambiente, trabalho escravo e aperfeiçoamento judiciário, entre muitos outros, são trazidos para o debate plural. A articulação entre os participantes do fórum, incluindo o fundamental papel dos movimentos sociais, será capaz de propagar muito mais adiante, entre diversas outras pessoas, a necessidade de colocar essa proposta como um modelo permanente de educação", afirmou.
O conceito de educação popular surgiu com o educador Paulo Freire na década de 60. Segundo os ideais de Freire, divulgados amplamente nas instituições de ensino superior brasileiras, os princípios da educação popular relacionam-se ao reconhecimento, à valorização e à emancipação dos indivíduos.
Em entrevista à Agência Brasil, a diretora de relações institucionais do Instituto Paulo Freire, Salete Camba, declarou que o atual papel da educação popular no Brasil é garantir a formação cidadã, política e científica buscando-se superar a desigualdade existente entre quem alcança e quem não consegue chegar às universidades. A diretora também
ressaltou que a preparação de novos educadores capazes de atuar no processo de educação popular é um dos principais desafios rumo à efetivação dessa prática escolar.
"A educação popular é um complemento à educação formal. Trata-se de uma formação mais cidadã, voltada para a qualidade de vida das pessoas e visando a redução das desigualdades sociais. Não há como fazer edução popular se não houver preparo para isso porque ela requer uma outra lógica de ensino-aprendizagem. É transformar uma ação que
poderia ser estática em uma ação dinâmica e política", disse .
Ainda de acordo com Salete Camba, a educação de jovens e adultos realizada atualmente no Brasil pelas Pastorais e outros movimentos sociais é um dos exemplos mais conhecidos de educação popular. Ela destacou a importância desse tipo de trabalho como alternativa para minimizar os índices de analfabetismo entre as regiões brasileiras."O que mais temos no país hoje de educação popular são os cursos de alfabetização de jovens e adultos realizados pelos movimentos sociais e entidades de classe. Com as crianças, vale ressaltar as ações de educação não-formal feitas pelas pastorais e organizações não-governamentais, por meio da promoção da cidadania. É fundamental que esses trabalhos continuem porque hoje, infelizmente, a oferta de escolas públicas e privadas não vai dar conta de formar e de tirar
nosso país do analfabetismo", afirmou.
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