23 de Fevereiro de 2009 - 19h31 - Última modificação em 23 de Fevereiro de 2009 - 19h55
No Rio, afoxé Filhos de Gandhy reúne 300 pessoas
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na capital fluminense, o Afoxé Filhos de Ghandy também desfila. Hoje (23), representantes de diversos terreiros do candomblé no estado arrastaram cerca de 350 pessoas ao som de agogôs e atabaques, na orla de Copacabana, zona sul. Os integrantes saíram a pé, com os tradicionais turbantes e colares de contas azuis e brancas.
O bloco surgiu há 58 anos, por estivadores, no Cais do Porto, conta um dos organizadores, Carlos Kroof. Influenciado por integrantes baianos do ijexá (uma nação do candomblé), o grupo é uma das marcas da presença negra na zona portuária, onde os escravos, após desembargarem, eram comercializados.
No desfile de hoje (23), Kroff disse que a idéia é completar os rituais religiosos, que pedem a paz e um “ano bom”. “Essa é a parte profana do candomblé [o desfile]. A parte religiosa nós fizemos nas casas, com as oferendas e os rituais.”
Uma das integrantes mais antigas do afoxé, Rosalina dos Santos, conhecida como Rosa de Boiadeiro, 78 anos, não lembra mais desde quando desfila. "Desde o começo", diz.
De um terreiro em Jardim Redentor, na Baixada Fluminense, revela que tem uma vida ligada à tradição. "Somos todos descendentes do cais”, afirmou em referência à influência negra na formação do país.
A presença africana na zona portuária do Rio, onde surgiu o Filhos de Gandhy, é marcante até os dias atuais. O local é conhecido pela origem do samba e ainda abriga uma comunidade remanescente de quilombo, a Pedra do Sal. Lá também está um monumento de mesmo nome, que no início do século 20 era tido como referência para oferendas religiosas, festa e batuques.
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