25 de Março de 2009 - 19h09 - Última modificação em 25 de Março de 2009 - 19h35
Diretores da Camargo Corrêa são presos sob suspeita de vários crimes financeiros
Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Dez pessoas presas e cerca de R$ 1,5 milhão apreendidos na Operação Castelo de Areia, deflagrada hoje (25) pela Polícia Federal em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dos dez presos, quatro são diretores da Construtora Camargo Corrêa, duas secretárias da empresa, três doleiros no Rio de Janeiro e uma, de nome não revelado, que seria o articulador do esquema. As secretárias estão sob prisão temporária de cinco dias, podendo ser renovada por mais cinco dias, e o restante do grupo recebeu prisão preventiva (eles poderão ficar presos até o fim das investigações).
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, os suspeitos estão envolvidos num esquema de remessa ilegal de dinheiro da Construtora Camargo Corrêa para o exterior por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e fora do país.
O esquema funcionava por meio de operações de câmbio e transferências bancárias com aparência de legalidade, utilizando-se, em alguns casos de empresas fantasmas ou de fachada. Num dos casos, segundo o MPF, um dos doleiros montou uma empresa de fachada no Rio de Janeiro, que emitia remessas aparentemente legais para o exterior, rotuladas como pagamento de fornecedores.
“Alguns diretores da empresa utilizavam do mecanismo de dólar-cabo, por meio de doleiros baseados no Rio de Janeiro, para o envio de dólares para o exterior”, disse José Alberto Iegas, delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
As remessas, segundo a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn, variavam de R$ 200 mil a R$ 2 milhões e somariam, de acordo com o MPF, cerca de R$ 20 milhões.
Além do envio ilegal de dinheiro para fora do país, a polícia investiga indícios de obras superfaturadas e doações não declaradas e não contabilizadas a partidos políticos.
“A investigação se deparou com pelo menos uma obra superfaturada, a construção de uma refinaria em Pernambuco, e doações não declaradas (ilegais) e declaradas do grupo empresarial para partidos políticos, mas ainda é preciso apurar quem são essas pessoas e ou campanhas políticas beneficiárias dos recursos”, diz nota do MPF.
De acordo com a investigação, os doleiros e diretores da empresa se comunicavam por meio de sistemas difíceis de serem interceptados como IP Voip e Skype e usavam códigos, tais como nomes de animais, para se referirem a nomes de pessoas e moedas.
De acordo com a Polícia Federal, os crimes investigados são de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem a competente autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude em licitações.
Em nota, a Camargo Corrêa informou que está perplexa com os fatos ocorridos, principalmente com relação à invasão pela Polícia Federal de sua sede em São Paulo. “Até o momento a empresa não teve acesso ao teor do processo que autoriza essa ação”, diz a nota.
A empresa também diz que “cumpre rigorosamente” com suas obrigações legais e ressaltou que gera mais de 60 mil empregos no Brasil e nos países em que atua. “O Grupo reafirma que confia em seus diretores e funcionários e que repudia a forma como foi constituída a ação, atingindo e constrangendo a comunidade Camargo Corrêa e trazendo incalculáveis prejuízos à imagem de suas empresas”, informou.
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