30 de Maio de 2009 - 14h40 - Última modificação em 30 de Maio de 2009 - 14h40
Indígenas discutem descolonização do saber e querem suas próprias universidades
Taís Ladeira
Enviada especial da EBC
Puno (Peru) - As ruas da cidade turística de Puno, no Peru, eram como um grande arco-íris, pintadas pelas bandeiras e roupas dos três mil participantes da marcha da IV Cúpula dos Povos e Nacionalidade Indígenas de Abya Yala, durante a abertura do encontro nesta sexta-feira (29). A marcha terminou às margens do Lago Titicaca, o mais alto do mundo, a 3.800 metros do nível do mar, e ali foi realizada a cerimônia de “chamamento” das diferentes etnias presentes: Aymaras, Quéchuas, Maias, Kichwas, Mapuches, Yanacunas, Ashaninkas, Bartolinas, entre outras.
Miguel Palacín, dirigente máximo da Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), fez a saudação inicial afirmando que “chegou o momento de deixarmos de ser invisíveis para o Estado, e defendermos nossos direitos como povos indígenas”.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, enviou carta de saudação e apoio à IV Cúpula.
Após a abertura, foram iniciados os grupos de trabalho, que tratam de temas como o direito humano à água, a militarização de territórios e a contaminação dos rios por derivados de petróleo. Os representantes brasileiros estão como palestrantes em sete dos 14 grandes temas da cúpula.
No grupo temático sobre a Descolonização do Saber, Dívida Cultural e Transmissão Intergeracional foi discutida a necessidade da criação de Universidades Indígenas, que valorizem e trabalhem positivamente o saber local, propiciando que o indígena não se afaste de suas origens para estudar.Para a antropóloga Rita Segato, da Universidade de Brasília (UnB), e uma das palestrantes, “é extrema a exigência sobre os jovens indígenas atualmente, que devem manter a sua própria cultura, e ainda vir para as universidades dos brancos, estudar como eles, para se tornarem médicos, advogados, voltando para ajudar suas comunidades”.
Para os demais participantes, é preciso criar um modo próprio de educar, onde se faça “não uma escola para a vida, mas da vida mesmo uma escola”.
No grupo sobre Educação Bilíngüe e Laica foram elaboradas duas propostas, que serão levadas para a plenária final: a realização do II Congresso Educativo de Abya Ayla e a criação da Rede Educativa Intercultural de Abya Ayla.
A plenária final acontece na manhã de domingo (31), e ao meio dia, horário de Puno, será realizada a cerimônia de encerramento da IV Cúpula dos Povos e Nacionalidades Indígenas do Continente Americano.
Edição: Fernando Fraga
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