29 de Abril de 2009 - 18h51 - Última modificação em 29 de Abril de 2009 - 18h51
Desempenho do BNDES sinaliza que o pior da crise já passou, avalia Coutinho
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram recordes no primeiro trimestre deste ano. Eles apresentaram crescimento de 13% em comparação ao mesmo período do ano passado, alcançando cerca de R$ 19 bilhões. O desempenho foi puxado pelo setor de infra-estrutura, com expansão de 21,4% e recursos da ordem de R$ 6,8 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses findos em março deste ano, os desembolsos do BNDES também foram recordes para o período, somando R$ 94 bilhões, com aumento de 35% sobre os 12 meses anteriores.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou hoje (29) que, com base nos números, "já dá para dizer que o pior momento [da crise internacional no Brasil] já passou". “Acho que as expectativas dos empresários já começam a se distender. Há compreensão de que a economia brasileira tem capacidade de sustentar o crescimento, que o mercado interno tem potencial de mostrar e de recuperar o crescimento neste ano”, disse.
Para Coutinho, isso não quer dizer que, “enquanto banqueiro público”, ele deva parar de trabalhar e de se esforçar. “Porque nós temos que remar para sustentar o crescimento da economia. Mas, a impressão que se tem é que, do ponto de vista do cálculo empresarial, as coisas começam a melhorar”, afirmou.
O presidente do BNDES discordou da previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que sinaliza um crescimento de 1,3% para o Brasil este ano. “Eu estou mais para um número com um sinal positivo, entre 1,5% a 2%. Nós vamos lutar por isso”, disse.
Coutinho afirmou ainda que o importante é que já existe um consenso de que a economia brasileira vai sair do último trimestre de 2009 e entrar em 2010 com uma taxa de crescimento entre 3% a 3,5%, “na margem, podendo acelerar para 4%. Esta convicção de que a economia vai acelerar o crescimento é algo que está ganhando corpo na percepção do sistema empresarial”.
Ele estimou que a área de infra-estrutura vai continuar em expansão. Existe, também, a expectativa forte de que a cadeia de petróleo e gás “vai ajudar a arrancada da economia de volta ao crescimento”. O mesmo ocorre em relação à indústria da construção civil. Ele preferiu, entretanto, não comemorar antecipadamente. “Acho que a gente tem que estar ainda muito atento e assegurar que a economia tenha condições de recuperar o crescimento”, afirmou Coutinho.
Para a indústria, os desembolsos do BNDES cresceram 5% no primeiro trimestre deste ano, totalizando R$ 7,9 bilhões. Luciano Coutinho revelou que os setores industriais que têm apresentado menor demanda junto ao banco são aqueles mais ligados à exportação, com destaque para a área metalúrgico-mineral. “Há mais cautela”. Ele ressaltou, contudo, que “ninguém cancelou os planos de investimento. Apenas postergou”.
Os números divulgados pelo presidente do BNDES também destacam a recuperação na linha de financiamento da subsidiária Finame, para compra de máquinas e equipamentos, “mais firme do que a gente esperava. Foi um elemento de certa surpresa, demonstrando a vitalidade da economia”. Os desembolsos da Finame cresceram 21,7% de abril de 2008 a março de 2009, atingindo R$ 22 bilhões.
O superintendente da Área de Operações Indiretas do BNDES, Cláudio Bernardo Guimarães de Moraes, lembrou que, a partir de abril, o crescimento de liberações da Finame deverá ser maior, com a entrada em vigor da ampliação da participação do banco de 80% para 100% nos financiamentos para grandes empresas. Anteriormente, a participação era de 100%, mas foi reduzida no ano passado para 80%, em função do aumento da demanda por causa da escassez de crédito.
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