23 de Julho de 2009 - 08h54 - Última modificação em 23 de Julho de 2009 - 08h54
Matar adolescente em Luziânia é como matar galinha, diz mulher que perdeu filha de 15 anos
Paula Laboissière
Enviada especial
Marcello Casal Jr./AbrLuziânia (GO) - Marli Gomes da Silva tem 46 anos, é empregada doméstica e mora em Luziânia (GO) há apenas 18 meses. Para ela, o município é “um matador para a juventude” é um local onde “matar adolescente é como matar galinha”.
Luziânia (GO) - A empregada doméstica Marli Gomes da Silva, de 46 anos, mora em Luziânia (GO) há apenas 18 meses. O tempo na cidade foi suficiente para que a mãe de dez filhos perdesse a filha mais velha, de 15 anos
A íntegra do estudo pode ser consultada na internet.
O tempo na cidade já foi suficiente para que a mãe de dez filhos perdesse a filha mais velha, de 15 anos. A menina, usuária de drogas, foi assassinada em agosto do ano passado em frente a um bar da cidade, em plena luz do dia.
“Não tenho explicação. A única coisa que eu sei é que minha filha saiu para ir ali e não voltou mais. Ela estava na rua quando uma moça e um rapaz em uma motocicleta a chamaram e atiraram. Depois do primeiro tiro, ela correu para dentro do bar”.
De acordo com a Delegacia da Mulher e do Adolescente, a menina levou cinco tiros e foi morta a mando de outro adolescente. A razão: ela teria denunciado um dos traficantes de droga da cidade à polícia.
Em entrevista à Agência Brasil, Marli afirmou que sabia do problema da filha com as drogas e se queixou do tratamento que recebeu na delegacia ao tentar entender o que aconteceu. “A explicação que eles dão é que ela andava em má companhia, mas minha filha não merecia morrer por isso”.
Marli disse que chegou a pedir ajuda ao Conselho Tutelar de Luziânia, mas recebeu como resposta que a menina só poderia ser internada se manifestasse vontade. Para a mãe, o assassinato não teria acontecido caso o governo oferecesse o tratamento adequado para a recuperação da jovem.
“Não é porque eles [os adolescentes] são drogados que a gente vai largar para lá”. Marli tem uma filha de 14 anos e uma de 13 e diz que sente medo de perder outro ente querido.
“Passei a pegar mais no pé, a exigir mais”, disse. Segundo ela, desde a morte da filha mais velha, os meninos têm horário para entrar em casa e para sair. “Precisou acontecer para chamar a minha atenção”.
Para Valder Félix, comerciante e dono de um bar em Luziânia há cinco anos, presenciar cenas de violência entre jovens na cidade não é coisa rara. “Sempre vejo muita coisa acontecer e sempre com os mais novos”, segundo ele na faxia etária dos 14 aos 19 anos. “Até morte já vi. Eles vieram fazer acerto de contas com uma menina”, relatou.
Para ele, o problema decorre da falta de conselheiros na cidade e também da extensão do mundo das drogas. Ele classifica o município de “violento”, sobretudo para os jovens. Pai de duas crianças, Valder ajuda a criar três adolescentes e diz que a situação é “perigosa”.
“A gente aconselha, explica, mas tem que ter o apoio do governo para trazer lazer e também correção. Os pais têm que vigiar os filhos mas se a prefeitura quiser, tem como fazer. A comunidade não dá conta sozinha”.
Edição: Tereza Barbosa
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