28 de Novembro de 2009 - 23h26 - Última modificação em 28 de Novembro de 2009 - 23h26
Mesmo com clima de tensão nas ruas, governo hondurenho não decretou toque de recolher
José Donizete
Enviado especial
Tegucigalpa (Honduras) - Apesar do clima de tensão e incerteza que o país vive nessas últimas horas antes das eleições previstas para este domingo (29 ) o governo de fato de Honduras decidiu não determinar o toque de recolher. O policiamento nas ruas da capital hondurenha aumentou e continuam também os atentados contra prédios públicos e emissoras de rádio e televisão.
Na noite de sexta-feira (27), uma granada atingiu a sede da Rádio América, uma das mais importantes do país. O artefato entrou por uma janela e explodiu em uma sala que estava vazia. Os danos materiais foram pequenos e não houve feridos.
Neste sábado, a sensação nas ruas era de aparente tranquilidade. Até mesmo a Praça do Congresso Nacional, ponto de reunião dos manifestantes da resistência, estava vazia. Estão aptos para votar neste domingo 4,5 milhões de hondurenhos, que vão eleger o presidente, deputados e prefeitos.
A campanha já acabou, mas o trabalho continua intenso nos comitês- cinco candidatos a presidente chegaram à reta final - Carlos Reys, independente e um dos líderes da resistência renunciou -. mas só dois têm chances reais de vencer: Porfirio, Pepe, Lobo, do Partido Nacionalista, de oposição, e Elvin Santos, do Partido Liberal, o mesmo de Manuel Zelaya, e Roberto Micheletti., o presidente de fato.
Desde 28 de junho, quando o presidente eleito Manuel Zelaya foi deposto por um golpe de Estado e levado pelos militares para a Costa Eica, as eleições deixaram de ser um assunto apenas dos hondurenhos. O mundo todo, especialmente os países latino-americanos, está atento ao que acontecerá neste pequeno país da América Central no domingo.
A crise em Honduras criou dois grupos no continente. O primeiro, que acompanha a decisão dos Estados Unidos de apoiar as eleições, como Costa Rica, Panamá, Colômbia e Peru, e os que seguem o Brasil, que é contra o processo eleitoral sem a restituição de Zelaya ao cargo. Formam esse grupo a Argentina, o Uruguay, o Paraguai, a Venezuela, o Equador. Nicarágua, México e El Salvador não tomaram uma posição clara.
Lobo e Santos, os favoritos, dizem que pretendem procurar o governo brasileiro depois das eleições. Nesse sábado (28), Elvin Santos, disse em entrevista à imprensa estrangeira que o Brasil precisa entender que o processo eleitoral é diferente do que aconteceu em junho.
O Tribunal Supremo Eleitoral informou que devem estar presentes cerca de 300 observadores internacionais, embora organismos reconhecidos, como a Organização dos Estados Americanos e a Organização das Nações Unidas não enviaram representantes.
Entre os observadores que já chegaram a Honduras há apenas um brasileiro, o deputado federal do PPS e ex-ministro da Reforma Agrária, Rraul Jungmann.
Ele disse que foi convidado pelo TSE hondurenho e vai acompanhar atentamente tudo o que acontecer durante as eleições. O deputado afirmou que não vê nenhuma contradição na sua presença. “Não represento o governo brasileiro. Estou aqui como um observador independente”.
Edição: Tereza Barbosa
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