2 de Abril de 2009 - 06h53 - Última modificação em 2 de Abril de 2009 - 06h53
Especialista alerta para riscos de industrialização acelerada em Três Rios
Vitor Abdala
Enviado Especial
Três Rios (RJ) - A industrialização acelerada de uma cidade pequena como Três Rios, no centro-sul fluminense, precisa ser vista com cautela pelos gestores públicos. O alerta é do especialista em economia fluminense e pesquisador do Instituto de Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jorge Natal.
Segundo ele, antes de estimular uma industrialização acelerada, é preciso que o município avalie a relação custo/benefício desse desenvolvimento. Ou seja, é necessário que se reflita sobre o que será sacrificado para promover o crescimento econômico do município. Tal equação tem de ser especialmente levada em consideração quando se trata de atração de indústrias por meio de incentivos fiscais temporários, como é o caso de Três Rios, que tem isenções e reduções de impostos por tempos determinados.
“Não necessariamente a relação custo/benefício da atração dessa empresa é favorável ao município. Ele oferece incentivos fiscais e serviços de infra-estrutura e não necessariamente a empresa permanece no local depois do término do prazo para o incentivo. Elas podem até deixar o local. As grandes empresas têm uma capacidade muito grande de se movimentar no território”, afirma Natal.
Além de as empresas usufruírem de benefícios sem dar o retorno esperado para o município, há ainda riscos como problemas ambientais e crescimento desordenado da cidade. “Ao mesmo tempo em que levam riqueza e dinamismo econômico, elas também causam uma série de problemas, como favelização, excesso de lixo e criminalidade”, explica.
O pesquisador cita o exemplo de Macaé, capital da produção petrolífera do Brasil, no norte fluminense. Natal considera a cidade como paradigma de desenvolvimento econômico acelerado que resultou em um crescimento urbano desordenado.
“Macaé era, há 30 ou 40 anos, um balneário calminho. A Macaé de hoje não tem nada da Macaé de 40 anos atrás. O trânsito é um problema gravíssimo. Houve um processo de especulação imobiliária violentíssimo, com expulsão de população para áreas mais periféricas. E quando há esse deslocamento, o conjunto da sociedade tem que arcar com saneamento básico, com água, esgoto, luz, asfalto, escolas etc”, afirma.
Segundo o especialista, os gestores públicos deveriam se preocupar sobre possíveis impactos que um crescimento acelerado pode provocar em Três Rios. Para ele, é necessário que se invista num planejamento urbano, para evitar que uma situação como a de Macaé se repita na cidade do centro-sul fluminense.
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