13 de Novembro de 2008 - 15h53 - Última modificação em 13 de Novembro de 2008 - 17h12
Economistas defendem controle mais eficiente de gastos públicos para enfrentar crise
Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O economista Luiz Gonzaga Belluzo defendeu hoje (13) mais eficiência no controle dos gastos públicos neste momento em que a crise global começa também a atingir a economia real. Segundo ele, não se pode cortar investimentos e ao mesmo tempo dinamizar a economia, que passa por um momento de desaceleração maior do que as pessoas estimam. Beluzzo participou de um debate sobre a crise financeira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Ele disse não acreditar que o consumo se reabilite em um prazo curto, a ponto de manter aquecida a demanda e ajudar a diminuir o impacto da crise na economia. “As pessoas estão na defensiva, estão com receio. Acho que o instrumento que o governo tem à disposição é manter o investimento e controlar os gastos correntes, de maneira compatível com a desaceleração da economia.
O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga concordou com as afirmações de Belluzo e ressaltou que, neste momento de crise, é preciso “coordenar a necessidade de controle” do ritmo da desaceleração com a confiança de todos no médio e longo prazos.
“Nós não somos mais um país que, neste momento, precisa fazer um enorme sacrifício para evitar um mal maior. Tampouco somos um país como a China, que tem uma enorme espaço para uma situação fiscal. O governo vai ter que navegar nessa corrente com bastante cautela”, afirmou Armínio, que pediu criatividade, prudência e paciência ao Brasil. Para ele, o país vai surpreender diante da crise, devido aos investimentos feitos no governo passado e no atual. “Na frente, os resultados vêm.”
Já o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que o Brasil pode sair na frente e amenizar os impactos da crise, se houver uma agenda específica voltada para o enfrentamento dos problemas. Mercadante criticou o atraso na aprovação do cadastro positivo, que ajudaria os bancos a conceder crédito com maior segurança, já que falta liquidez no mercado, e a sair do impasse da redução dos empréstimos financeiros.
“Nós devíamos estar aprovando o cadastro positivo de crédito, em vez de ampliar gastos públicos e gastos correntes, que não há como financiar, devido à desaceleração da economia. E o governo, de outro lado, precisa também sinalizar mais austeridade”, enfatizou.
Para o senador, preservar os investimentos é fundamental para minimizar os impactos da desaceleração econômica. Ele disse também que é preciso baixar as taxas de juros no momento em que o câmbio se estabilizar. Com a desaceleração fortíssima da economia mundial, com a recessão forte nos países de “capitalismo avançado”, haverá, cada vez mais, redução do preço das commodities (produtos com cotação no mercado internacional), permitindo assim a redução dos juros com estabilização do dólar, explicou.
“Não controlamos a dinâmica dessa crise, pois ela vem de fora para dentro. O que Brasil está fazendo é minimizar os impactos, com linhas de defesa bastantes sólidas.” Mercadante pediu ainda racionalidade nas decisões de política econômica e do Legislativo, para que o foco se direcione para a crise, ajudando a minimizá-la e fazendo com que o Brasil saia dos problemas antes dos outros países.
O senador ressaltou que o país não pode continuar com o aumento de despesas de pessoal, como vinha ocorrendo nos períodos de forte crescimento. “Não será possível. Muito menos será possível, nesse cenário de crise, repor perdas de aposentados e pensionistas”.
De acordo com Mercadante, o momento é de centralizar esforços na geração de empregos e no crescimento econômico, pois só assim será possível melhorar tanto o salário do funcionalismo quanto o dos aposentados. “Fora isso, é demagogia. O país não pode gastar mais do que arrecada. Não pode financiar todas essas despesas no cenário de crise que estamos atravessando.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário