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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Agência Brasil - Blocos tradicionais de Mariana promovem encontros inusitados - Direito Público

 
24 de Fevereiro de 2009 - 10h35 - Última modificação em 24 de Fevereiro de 2009 - 10h59


Blocos tradicionais de Mariana promovem encontros inusitados

Marco Antonio Soalheiro
Enviado Especial

 
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Mariana (MG) - Barack Obama, Xica da Silva, Itamar Franco, Chico Xavier, Batman, Homem-Aranha, Visconde de Sabugosa e a Turma da Mônica curtindo uma folia de carnaval junto com personagens marcantes de uma cidade histórica mineira? O devaneio vira realidade nos desfiles do mais antigo bloco de carnaval de Mariana, em plena atividade há mais de 160 anos. É o Zé Pereira da Chácara, que sai às ruas da cidade com enormes “catitões”, bonecos feitos com papel jornal, taquara (tipo de bambu) e grude. A escolha dos representados mistura critérios como a contribuição para a história, o folclore e o imaginário popular.

No desfile mirim, as crianças também mostram entusiasmo, como os amigos Bruno e Fabrício, de 5 e 7 anos. “Gosto de ser o capeta”, disse Bruno, após uma demonstração de samba no pé. “Eu sou o Homem-Aranha, porque fui eu que mandei fazer”, acrescentou o segundo.

Na toca do Zé Pereira, mantida normalmente com apoio da prefeitura e principalmente com a dedicação voluntária de gente apaixonada pelo carnaval, a presidente do bloco, Maria José Batista, de 63 anos, dá continuidade a um trabalho iniciado pelos avós. Lá estão 45 bonecos adultos e 40 mirins.

As marchinhas, segundo ela, garantem um carnaval tranqüilo e bem-humorado. “A gente trabalha com amor, fica aqui 24 horas, para mostrar nossa tradição”, disse Maria José. “Misturamos tudo para mexer com as pessoas. Fazemos pedaço por pedaço, e é uma alegria ser artesanal”, afirmou.

Mais “desorganizado”, no bom sentido, o bloco Farrapos, fundado há 38 anos com instrumentos musicais antigos, também tem espaço cativo na carnaval de Mariana. Os foliões, a maioria da periferia, se vestem com toalhas, roupões, fraldas, calcinhas e sutiãs, sem nenhuma lógica ou imposição. A animação é estimulada por 500 litros de caipirinha fornecidos por empresários organizadores. No trajeto, turistas aderem à irreverência do bloco, presente também na letra da marchinha, este ano, inspirada na crise econômica e intitulada “A crise dos diabos!”.

Com os versos “A crise está tão feia, que ontem li no jornal: o diabo vendeu o rabo para brincar o carnaval”, entoados pelo puxador Tiagão, do alto de um caminhão de som, o bloco ganha as ruas como se fosse um arrastão.

“A pessoa sai do jeito que quiser, com a fantasia que quiser. Pode ser criança, adulto, será sempre bem-vindo. Fazemos sempre marchinha com sátira, para resgatar a tradição de Mariana”, ressaltou George César, um dos coordenadores do bloco. “Vem pessoal que não tem dinheiro para nada. Faço por prazer”, disse César.

Com tamanha liberdade para se fantasiar, já houve quem exagerasse na dose. “Ontem a fralda geriátrica de um folião caiu, e a polícia grampeou o cara”, contou, aos risos, César.

A paulistana Catarina Mota, de 20 anos, foi com seis amigas passar o carnaval em Mariana e Ouro Preto e diz ter gostado mais do clima nos blocos da primeira. “Em Ouro Preto é mais agitado, mas fica muita gente 'pegando'. Aqui também é divertido e um pouco mais tranqüilo”, comparou.



 


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