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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Agência Brasil - Fantasia dos caboclos de lança pode custar até R$ 1 mil - Direito Público

 
24 de Fevereiro de 2009 - 08h58 - Última modificação em 24 de Fevereiro de 2009 - 09h27


Fantasia dos caboclos de lança pode custar até R$ 1 mil

Ivy Farias
Enviada Especial

 
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Nazaré da Mata (PE) - Quando ecoam, os tambores do maracatu rural, típico de Pernambuco, não deixam dúvidas: é carnaval em Nazaré da Mata, cidade a cerca de 65 quilômetros de Recife (PE). Além do ritmo, o carnaval do município é conhecido pelas figuras folclóricas que desfilam pelas ruas com roupas coloridas. Além do rei e da rainha, o maracatu rural é marcado pela presença do caboclo de lança, fantasia colorida, repleta de tiras de papel celofane e lantejoulas.

Apesar de ser uma tradição popular, a festa custa caro: uma fantasia de caboclo pode custar até R$ 1 mil. Um cocar usado pelos caboclos que homenageiam os índios chega a valer R$ 500. "Cada pena de pavão custa R$ 1", conta Sergio José da Costa. Ele diz que usa aproximadamente 500 penas para compor um cocar. "Compro tudo em Recife ou Caruaru porque aqui não vende".

Os caboclos confeccionam sua própria fantasia, reduzindo os custos com a produção. O material, porém, tem seu preço. "Mas não sai do bolso deles, que realmente não têm condições", explica Severino Herculano Chaves, diretor de Cultura da prefeitura de Nazaré da Mata. "Todas as agremiações de Nazaré da Mata ganham entre R$ 2 mil e R$ 3 mil para fazer as fantasias". Os grupos de maracatu que vêem de outras cidades ganham um cachê de R$ 250. "Este dinheiro vem do governo do estado".

As fantasias são renovadas ano a ano. "Os caboclos são vaidosos e gostam de inovar no visual".

Se o dinheiro é suficiente para as fantasias, não é para fazer a festa dos cablocos, que pedem dinheiro aos turistas. "Eles são cortadores de cana, gente simples que vem da zona rural. Eu sou de lá e sei que não é fácil. Eles acabam não tendo dinheiro para brincar ou beber, por isso pedem", afirma Chaves.

Segundo ele, é preciso que haja um programa completo, como há no Rio de Janeiro, para que os caboclos criem suas fantasias e também movimentem recursos na economia, como oficinas de costura próprias para o carnaval.

A merendeira Maria Silva não cobra nada para fazer as roupas dos reis e rainhas do maracatu: "Adoro o carnaval, faço parte do maracatu, então costuro de graça". Ela conta que passa o ano inteiro confeccionando as fantasias em suas horas vagas. "Infelizmente, não tenho como fazer tudo de uma vez".

Segundo a costureira, "as roupas devem ser muito lindas. A do rei e da rainha, que são mais elaboradas, dão um gasto de uns R$ 500 em material. O chefe do grupo compra os tecidos e traz para eu costurar. Chego a dormir em cima da máquina, mas faço questão de que fique tudo bonito ".



 


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