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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Agência Brasil - Mariana aposta na tradição em campanha por reconhecimento de patrimônio - Direito Público

 
24 de Fevereiro de 2009 - 09h41 - Última modificação em 24 de Fevereiro de 2009 - 10h08


Mariana aposta na tradição em campanha por reconhecimento de patrimônio

Marco Antonio Soalheiro
Enviado Especial

 
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Mariana (MG) - Até o fim deste ano, a prefeitura de Mariana promete entregar à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) um dossiê em que pedirá o reconhecimento da cidade mais antiga de Minas Gerais, fundada em 1696 e hoje com 55 mil habitantes, como patrimônio histórico e cultural da humanidade, título já obtido pela vizinha Ouro Preto.

Prioridade para realização de um carnaval tradicional no centro histórico, com marchinhas, sambas antigos, alegorias artesanais e envolvimento da comunidade, faz parte do projeto que será apresentado à Unesco.

Uma volta pelas ruas de Mariana nos dias de folia revela um estilo de carnaval com diferenças sensíveis em relação ao de Ouro Preto. A festa é menos grandiosa, movimenta menos dinheiro. As ruas, mais limpas, não ficam como “formigueiros”, nem há multiplicidade de sons mecânicos tocando os mais diferentes ritmos. Enquanto Ouro Preto recebe 40 mil foliões por dia, em Mariana a expectativa é de que passem pela cidade 30 mil pessoas, somados os visitantes de todos os dias do feriado. Axé, funk e rock ficam em palcos específicos fora das ruas onde estão os casarões que contam séculos de história.

“A aura da cidade é muito voltada para a cultura de raiz. E queremos colocar a cultura como uma necessidade essencial do povo. O povo deve ter o direito e o dever de praticá-la como elemento de raiz e identificação”, afirmou à Agência Brasil o prefeito Roque Camêllo.

Este ano a prefeitura resolveu acabar com uma boate de funk que, no carnaval passado, funcionava num estacionamento da praça da Catedral da Sé, uma das igrejas mais ricas do Brasil, com várias peças de arte barroca . Saiu da praça o som tipicamente carioca e o estacionamento foi transformado em espaço de convivência nos moldes do que fora no século 19.

“Essa boate não agregava valor ao carnaval e acarretava problemas de segurança. Não compõe com o espírito de carnaval da família. Não sou especialista no assunto, mas é uma música que agita muito, mas não tem sensibilização do interior”, justificou Camêllo. Ele ressaltou, porém, que não se trata de preconceito contra o funk, que poderá ser tocado fora do centro por razões de “coerência cultural”.

Ainda dentro da campanha pró-reconhecimento da Unesco, a prefeitura demoliu um ginásio poliesportivo que fora construído em frente à Estação de Trem, na qual chega a Maria Fumaça de Ouro Preto, para erguer no espaço um centro de convenções com a arquitetura de uma antiga fábrica de tecidos que lá existiu. A obra está em andamento. “O ginásio foi um erro do poder público, porque era agressivo ao ambiente barroco daquela região”, disse Camêllo.

Mariana tem 13 igrejas ou capelas coloniais, museus de arte sacra e da música, este com partituras dos séculos 18 e 19. Continuam em atividade na cidade 13 bandas de músicas tradicionais, algumas com mais de 100 anos de história.

O reconhecimento pretendido pela cidade ainda dependerá da conclusão de obras de saneamento e de um compromisso expresso dos governos federal, estadual e municipal com a manutenção do patrimônio histórico. O título pode representar um reforço ao turismo local, ainda incipiente, com a conseqüente geração de emprego e renda.




 


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