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sábado, 7 de março de 2009

Agência Brasil - Crianças de famílias pobres podem ser alvo mais fácil para pedófilos, diz psicológo - Direito Público

 
7 de Março de 2009 - 13h16 - Última modificação em 7 de Março de 2009 - 18h16


Crianças de famílias pobres podem ser alvo mais fácil para pedófilos, diz psicológo

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

 
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São Paulo - Crianças de famílias pobres podem ser alvo mais fácil de pedófilos porque sofrem várias formas de carência social e individual. Segundo o coordenador do programa Campanha Mato Grosso do Sul contra a Pedofilia, Angelo Motti, esse panorama foi, por exemplo, encontrado nos casos de abuso sexual que podem ter vitimado cerca de 40 crianças na cidade de Catanduva, interior de São Paulo.

“São pessoas menos protegidas pela informação e que podem se submeter ao outro pela necessidade de subsistência. Elas também têm necessidade de ser conhecidas e sofrem com a carência de identidade”, descreveu o psicólogo, em entrevista à Agência Brasil.

Motti disse que essa parcela da população sofre também com a falta de educação sexual nas escolas públicas. “É fundamental discutir a sexualidade nas escolas, até porque ocorre uma distorção da sexualidade na mídia e na propaganda nos dias de hoje”, afirmou o psicólogo.

Para ele, a escola é importante tanto na prevenção quanto no combate à pedofilia. Geralmente, é em no ambiente escolar que ocorre a identificação de um caso de abuso sexual. “A escola é o grande caminho”, disse o psicólogo, ressaltando que atualmente os estabelecimentos de ensino não estão preparados para identificar, prevenir ou combater os casos de violência sexual.

De acordo com Motti, a violência contra a criança deriva principalmente do fato de a sociedade hoje estar formada e baseada numa estrutura em que a criança é tratada como um objeto ou um ser inferior, que depende do adulto.

“Há uma cultura de desrespeito à criança. Só se pensa na criança quando ela é uma consumidora. É natural que crianças e adolescentes dependam dos adultos, e a própria lei prevê a obrigação de todos os adultos de garantir a proteção integral dos direitos deles, inclusive os direitos sexuais. Isso as torna automaticamente dependentes das atitudes dos adultos.”

O psicólogo defendeu uma reflexão sobre como administrar essa dependência – se as crianças e adolescentes são tratados como seres inferiores aos adultos, como objetos e não como pessoas plenas de direitos e capazes de manifestar opinião, necessidades e desejos e como propriedade dos adultos. “Se os tratamos assim, estamos por por certo administrando essa dependência no sentido avesso ao que a lei propõe, e isso é maléfico para eles [crianças e adolescentes] e para a própria sociedade”, afirmou.

Nessa forma de dependência contrária à lei, a criança se torna uma vítima mais fácil para os crimes de violência sexual praticados por um adulto. “Nessa relação de dependência, a criança pode virar objeto de satisfação para o adulto, seja no mundo das artes, da propaganda ou até da violência sexual.”

No caso de violência sexual, a criança geralmente demonstra que foi vítima de abuso apresentando mudanças no comportamento familiar e social. Segundo o psicólogo, a criança pode apresentar sinais como desinteresse ou excessivo interesse por assuntos envolvendo a sexualidade; desinteresse pelos estudos ou atividades culturais e desportivas; sentimento de culpa elevado; atitudes agressivas com pessoas amadas ou amigas; redução drástica à imunidade; melancolia e choro sem motivo aparente e até o desenvolvimento de enfermidades sem nenhuma explicação adequada para isso.

De acordo com Motti, o tratamento da criança, nesse caso, será voltado principalmente para a exploração dos potenciais e da capacidade de superar a violência da qual foi vítima. O tratamento é geralmente multiprofissional - reunindo psicólogos, médicos, assistentes sociais e pedagogos – e não tem tempo determinado para terminar.

“Vai depender muito da história de vida da vítima - incluindo sua vida afetiva e as condições sociofamilares em que ela se encontre. Logicamente, as marcas da violência sexual não serão superadas, qualquer que seja o tempo, mas suas conseqüências podem, sim, ser trabalhadas com resultados positivos em dois anos de trabalho.”






 


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