1 de Março de 2009 - 10h29 - Última modificação em 1 de Março de 2009 - 13h52
Norte e Nordeste serão os mais beneficiados pelo etanol da mandioca, dizem especialistas
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As Regiões Norte e Nordeste reúnem condições para ser as mais beneficiadas pelo uso da mandioca na produção de biocombustíveis. Dificuldades como a de transportar o produto por longas distâncias e a possibilidade de o etanol ser produzido em mini, pequenas e médias usinas podem contribuir para o desenvolvimento econômico e social dessas localidades.
“Devido à grande concentração de água [cerca de 70%], a mandioca não pode ser transportada por longas distâncias”, explica. “Para transportar a raiz por percursos maiores, de até 600 quilômetros, é necessário secá-la ao sol, de forma a adquirir um aspecto de chips. Isso pode ser mais bem organizado a partir de minicooperativas ou associações, o que traz, também, benefícios sociais para as comunidades envolvidas”, argumenta o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Antônio Donizetti Fadel. “Nessas regiões, o social hoje pode resultar no econômico do futuro”, completa.
“A mandioca pode ser cultivada por mini, pequenos, médios e grandes produtores. Por isso é de grande utilidade para atender a demandas locais. Já a cana só é viável quando a produção é de grande porte”, avalia o técnico agro-florestal da Secretaria de Desenvolvimento Agro-Florestal do Acre, Diones Assis Salla. Ele explica que, devido à grande distância entre as comunidades da região Norte e as usinas de cana, o álcool nessas regiões costuma ser mais caro do que no restante do país.
Segundo o diretor do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat), Cláudio Cabello, por a extração de etanol a partir da mandioca poder ser feita em usinas de pequeno porte, para uso local, o ideal para as comunidades mais afastadas é a adoção de pequenas unidades-piloto.
“A divulgação desse tipo de tecnologia faz parte das iniciativas do Cerat. Para tanto estamos instalando no câmpus de Lageado, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatú, uma unidade que produzirá 5,3 metros cúbicos de etanol por dia”, informa Cláudio Cabello.
No passado, a produção de etanol a partir da cana tinha que ser de, no mínimo, 120 metros cúbicos de álcool, por dia, para valer a pena. Segundo Cláudo Cabello, com a necessidade cada vez maior de tornar as empresas competitivas no mercado, esse valor subiu para uma produção diária de 240 metros cúbicos.
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