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segunda-feira, 9 de março de 2009

Agência Brasil - Violência contra os homens afeta também as mulheres, afirma ativista - Direito Público

 
8 de Março de 2009 - 10h11 - Última modificação em 8 de Março de 2009 - 10h11


Violência contra os homens afeta também as mulheres, afirma ativista

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

 
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Rio de Janeiro - A chegada do mês de março não traz boas lembranças para a família de Cátia Patrícia da Silva. Há quatro anos, na última noite do mês, ela perdeu o irmão e o primo em uma chacina em que morreram mais 27 pessoas em Queimados, Baixada Fluminense. Os acusados eram todos policiais – três estão presos e dois aguardam julgamento. Cátia diz que a família ainda fica abalada quando se aproxima a data da chacina.

“Minha mãe é idosa, tem diabetes. Quando vai chegando [a data], ainda fica meio assim... Lembra daquela noite em que meu irmão não voltou. Toda vez, pergunta por que fizeram isso”, conta a doméstica, coordenadora da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas de Violência na Baixada. Cátia ressalta que, assim como sua família, outra foram afetadas pela morte de parentes na chacina e afirma que a violência contra os homens impacta também a vida das mulheres.

De acordo com relatório divulgado no ano passado pela Anistia Internacional, a violência contra as mulheres não é resultado apenas da violação de seus próprios direitos, mas de abusos cometidos contra filhos ou companheiros. Segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde, 72,8% das pessoas atendidas na rede pública por causa da violência são homens. O dia-a-dia de disputa entre gangues, incursões violentas da polícia e o fato de muitas pessoas serem apontadas como suspeitas por morarem em lugares vulneráveis provocam até problemas de saúde.

“Toda vez que a situação de violência fica aguda, como em tiroteios, aparecem casos de crise hipertensiva, descontrole do diabetes, sofrimento mental e insônia”, afirma a médica Jurema Werneck, coordenadora da organização não-governamental Crioula. Trabalhando em favelas há cinco anos, Jurema lembra que, além dos problemas decorrentes do estresse, as mulheres que têm parentes presos ou mortos em situações de violência são estigmatizadas como responsáveis pela “desestruturação familiar”.

“Elas são as culpadas número 1. São culpadas, simplesmente, por serem mães, esposas e irmãs, responsabilizadas por, supostamente, não terem dado conta de seus filhos”, ironizou. “O peso disso é o abandono, o isolamento, que têm conseqüências para o resto da família”. A ativista destaca ainda que muitas mulheres passam a arcar com as despesas da casa e enfrentam batalhas judiciais sem nenhum tipo de recurso.

De acordo com médica, os danos patológicos da violência não se resolvem apenas com remédios, embora essas mulheres precisem ser tratadas pelo sistema público de saúde. Para Jurema Werneck, há necessidade de ações intersetoriais, sistêmicas, que combatam toda a situação de violência a qual as mulheres estão submetidas. “Só o antidepressivo não resolve”, conclui.



 


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